
Eu estava perseguindo o bandido, logo atrás dele e , em um dado momento, tive a impressão de ter visto pelo canto do olho um objeto arremessado pelo lado direito do carro. Concentrado na perseguição ao bandido, resolvi prosseguir. Logo adiante o bandido sai da rua que eu o perseguia e toma uma travessa de acesso exclusivo de pedestres. O local é muito próximo à minha residência e, como conheço bem os arredores, supus qual o caminho que o bandido iria fazer.
Passo defronte a minha residência e quase nem a percebo tamanha a vontade de capturar o bandido. Vou até o final da rua e dobro na primeira esquina supondo encontrar o bandido logo adiante. E foi exatemente isso que aconteceu. O bandido cruzou a frente do meu carro . Nesse instante, sinceramente, me bateu uma vontade de atropelá-lo pois sou um cidadão indignado contra a bandidagem. Por sorte não o fiz. Se o fizesse, teria certamente um bom incômodo com os Direitos Humanos caso o bandido viesse a morrer. Provavelmente eu enfrentaria um processo penal.
Deixei o bandido atravessar a rua na minha frente, mas não desisti de pegá-lo. Me dirigi a um posto da Brigada Militar que fica a três quadras da rua onde o bandido havia tomado. Encostei meu carro rapidamente ao lado do posto e, sem perder tempo, relatei por uma pequena janela o ocorrido ao primeiro policial que avistei. Pedi a ele que alguém fosse atrás do bandido e informei a rua que o bandido havia tomado.
O policial disse-me que eles já haviam sido informados do acontecimento e que já estavam indo. Ele disse isso com uma calma exagerada. Diante da minha agitação e da vontade de ver o bandido preso, achei a atitude estranha. Fiquei desconfiado supondo que ninguém iria atrás do bandido.
Dei uma volta na quadra em torno do posto policial para conferir a atitude dos policiais militares . Percebi que dois deles entraram em uma viatura mas eles estavam muito calmos e a viatura demorou alguns instantes para sair do local. Resolvi encostar ao lado da viatura e indaguei se os policiais iriam atrás do bandido. Me informaram que estavam indo. Eu tomei a frente e os policiais me seguiram. Mais adiante então informei as características do bandido e indiquei a rua que o mesmo havia tomado. Em seguida fui embora para casa. Antes de entrar em minha residência resolvi ir de carro até a esquina da minha rua - onde a moça havia sido assaltada - para conferir se a mesma estava por ali . Como não vi sinal algum da moça, fui para casa.
Ao estacionar o carro em minha casa fui dar uma conferida se não havia a marca de algum arranhão ou sinal de impacto no capô do carro. Infelizmente a marca estava lá. É óbvio que um objeto realmente pegou no carro. Como não vi ninguém jogá-lo, achei esquisito - se bem que minha atenção estava totalmente voltada para o lado esquerdo da rua e, o objeto fora lançado, provavelmente, pelo lado direito da rua por alguém que eu nem percebi.
Resolvi dar uma conferida na rua para confirmar o lançamento do objeto e o mesmo realmente estava lá. Era um objeto de porcelana exatamente na cor que eu tinha percebido. Conclui que talvez houvesse alguém , pelo lado direito da rua, dando cobertura para o bandido sem que eu tivesse percebido.
Voltei para casa e resolvi ligar para o posto da Brigada Militar para conferir se os policiais militares haviam pego o bandido. Até aquele momento - uns 15 minutos depois do roubo - a resposta foi negativa. Fiquei muito irritado pois adoraria ver o bandido preso.
Pouco tempo depois do ocorrido, um pouco mais calmo, comecei a refletir sobre o fato. Pensei na hipótese de ter pego o bandido e a moça não registrar ocorrência pois a mesma não estava no local onde fora assaltada. Se isso ocorresse teria sido tudo em vão. E sobraria, para mim, não só um prejuízo material mas uma grande decepção.
Este episódio realmente mexeu comigo. Mesmo que meu caráter seja exatamente este - de se indignar, de tomar atitude - eu , em outra situação semelhante, não sei se faria tudo novamente. Creio que sim, mas sinceramente não sei. A incerteza da atitude a tomar decorre da ciência de que a bandidagem - de pequenos delitos - fica presa somente algumas poucas horas. E logo mais estará à solta novamente em busca de novas vítimas e, arriscar-se, diante desta triste consciência, parece ser uma tolice. Infelizmente a morosidade da justiça, as leis, tudo é favorável a bandidagem e colocam em xeque até mesmo o nosso sentido de solidariedade. Sei que algo precisa ser feito. Numa próxima oportunidade irei expor algumas idéias a respeito!
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